ATA DA SEXTA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 20.04.1989.
Aos vinte dias do mês de
abril do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões
do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sexta
Sessão Solene da Primeira Sessão Legislativa Ordinária, em homenagem à Polícia
Civil e à Brigada Militar, pela passagem do Dia do Policial. Às dezessete horas
e oito minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou
abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário
as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Lauro
Hagemann, 1º Secretário da Casa no exercício da Presidência da Câmara Municipal
de Porto Alegre; Deputado Luis Abadie, Segundo Vice-Presidente da Assembléia
Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; Coronel Assis Fontoura de Almeida,
Juiz-Militar Presidente do Tribunal de Justiça Militar do Estado; Coronel PM
Jerônimo Carlos Santos Braga, Comandante Geral da Brigada Militar; Dr. Alaor de
Almeida Lewgoy, Sub-Chefe de Polícia, representando a Polícia Civil; Dr. Raul
Trevisan, Representante do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre; e o Ver.
Vicente Dutra, Secretário “ad-hoc”. A seguir, o Sr. Presidente convidou os
presentes a, de pé, ouvirem a execução do Hino Nacional; após, avisou, em nome
do Líder da Bancada do PT, que os referidos se encontravam ausentes em vista de
compromisso anteriormente marcado com Liderança a nível nacional do Partido; e
concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Leão de
Medeiros, em nome da Bancada do PDS, do PSB e como proponente da homenagem,
falou de seu orgulho em prestar homenagem às entidades policiais civil e
militar do Estado; historiou o processo de criação dessas instituições,
ressaltou suas atividades de manutenção de bem-estar e ordem social para a
comunidade e afirmou que o Mártir, Alferes Tiradentes é realmente o protótipo
do policial. O Ver. Edi Morelli, em nome da Bancada do PTB, destacou a atuação
da Polícia Civil e da Brigada Militar junto à população; lembrou os precários
recursos e dificuldades que essas instituições encontram para a realização de
seu trabalho e historiou os primórdios e regulamentação dessas forças como instituição.
O Ver. Cyro Martini, em nome da Bancada do PDT e PT, lembrando a trajetória de
Tiradentes, afirmou que seu comportamento de idealismo espelha a atividade
cotidiana dos policiais, tanto civil como militar; lamentou a escassez de
recursos materiais e humanos, enfrentada por essas instituições, indispensáveis
ao cumprimento de suas atividades, e a remuneração insuficiente tendo em vista
o alto comprometimento dos policiais, que colocam a sua vida à disposição do
bem estar social. Defendeu, ainda, os direitos do policial. O Ver. Luiz
Machado, em nome da Bancada do PMDB, analisou a questão da criminalidade nas
cidades brasileiras; defendeu o melhor aparelhamento das polícias, maior número
de efetivos, melhores condições salariais e de trabalho. Saudou as instituições
policiais pela data e propugnou que a segurança também é dever de cada cidadão.
O Ver. Artur Zanella, em nome da Bancada do PFL, comentou a destacada atuação
dessas polícias que trabalham independentemente de posições
político-partidárias; manifestou-lhes respeito e consideração pela constante
atuação junto à comunidade e enfatizou que o enfraquecimento das forças de
segurança ocasiona o aniquilamento do Estado. E o Ver. Wilson Santos, em nome
da Bancada do PL, discorrendo sobre o conceito de Liberdade, analisou o
trabalho das polícias civis e militares na manutenção e proteção da liberdade
coletiva do cidadão, classificando Tiradentes como o Proto-mártir da liberdade.
Festejou, ainda, a extensão dos direitos de sufrágio aos cabos e soldados da
Brigada Militar, no novo texto da Constituição Federal, como justa reintegração
de liberdade. A seguir, o Sr. Presidente leu telegrama enviado pelo Sr.
Governador do Estado, justificando sua ausência e congratulando-se com as
instituições homenageadas; e concedeu a palavra aos Representantes das
referidas instituições, os quais, respectivamente, agradeceram o preito
prestado pela Casa. Após, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo à
solenidade, destacando o reconhecimento, respeito e confiança que se deve a
essas instituições pelo relevante serviço que prestam à comunidade; convidou os
presentes a, de pé, ouvirem a execução do Hino Riograndense; agradeceu a
presença de todos e convidou as autoridades e personalidades presentes a
passarem ao Salão Nobre; e, nada mais havendo a tratar, encerrou os trabalhos
às dezoito horas e cinqüenta e três minutos, convocando os Senhores Vereadores
para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelo Ver. Lauro Hagemann, 1º Secretário no exercício da Presidência,
e Secretariados pelo Ver. Vicente Dutra, Secretário “ad hoc”. Do que eu,
Vicente Dutra, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata
que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.
O SR. PRESIDENTE: Declaro abertos os trabalhos da presente
Sessão Solene, destinada em homenagear à Polícia Civil e à Brigada Militar,
pela passagem do Dia do Policial. A Câmara Municipal de Porto Alegre tem muita
satisfação em prestar nesta tarde esta homenagem aos policiais civis e
militares pelo transcurso do Dia do Policial a ocorrer amanhã. Neste sentido,
comunica que as diversas bancadas com assento na Casa, se farão representar, na
tribuna, pelos Vereadores Leão de Medeiros, proponente; Cyro Martini; Luiz
Machado; Edi Morelli; Artur Zanella e Wilson Santos.
Antes
de darmos início aos pronunciamentos, convido a todos os presentes a ouvirem,
de pé, o Hino Nacional.
(Ouve-se
o Hino Nacional.)
O SR. PRESIDENTE: Ilustres membros da Mesa; ilustres
convidados das Corporações Civil e Militar da nossa polícia; Srs. Vereadores.
Em nome do Ver. Flávio Koutzii, Líder da Bancada do PT, cumpro o dever de
comunicar que a Bancada do PT se acha ausente desta sessão em razão de um
compromisso partidário. Foi-me pedido fazer esta comunicação, para que não
parecesse nenhum ato de desrespeito, nem de qualquer outro significado, apenas
para que se registrasse esta ocorrência. É um ato político-partidário conhecido
de todos. Esta é a razão porque a Bancada do PT não está presente nesta Casa,
neste dia, nesta homenagem à Polícia. No dia de seu Patrono. Para usar da
palavra convido o Ver. Leão de Medeiros autor da proposição que falará pelas
Bancadas do PDS e do PSB. V. Exª tem o tempo que desejar.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Ver. Lauro Hagemann, 1° Secretário no
exercício da Presidência dessa Câmara Municipal; Deputado Luiz Abadi, 2°
Vice-Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul;
Coronel Assis Fontoura de Almeida, juiz militar, Presidente do Tribunal de
Justiça Militar do Estado; Coronel Jerônimo Braga, Comandante-Geral da Brigada
Militar; Dr. Alaor de Almeida Lewgoy, sub-Chefe de Polícia, representando a
Polícia Civil; Dr. Raul Trevisan, representando o Sr. Prefeito Municipal,
Olívio Dutra; Senhores Vereadores, Senhores policiais civis, Senhores policiais
militares, representantes de entidades de classe como a UGEI - União Gaúcha dos
Escrivães, Inspetores, Rádio Telegrafistas e Motoristas Policiais;
representantes da Associação dos Delegados de Polícia; minhas senhoras, meus
senhores. (Lê.)
“A
sede de liberdade, o espírito de nacionalidade, o sentimento de pátria que já
se fazia sentir insopitavelmente na alma brasileira levaram, nos fins do século
dezoito, um homem de milícia a liderar movimento de independência nas bandas
exploradas das Minas Gerais. Era o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o
Tiradentes, que polarizava em torno de sua heróica figura esse movimento que,
mal passados 50 anos, cristalizou na voz portuguesa, mas no coração brasileiro,
de Dom Pedro de Orleans e Bragança, o grito não mais contido de ‘Independência
ou Morte’.
Joaquim
José da Silva Xavier foi enforcado como tributo pela ousadia libertária, mas
não morreu. Renasce a cada ano a 21 de abril, data de seu martírio, nas
homenagens sentidas que lhe fazem os integrantes desta jovem e atribulada nação
sul-americana. E revive a cada momento, a cada gesto, em todo policial tombado
no cumprimento intransferível de assegurar liberdade, segurança e salvaguardar
os valores intrínsecos à criatura humana, e que não são mais que a própria e
inalienável garantia do sagrado direito do ser livre, e de ter e desfrutar do
que é seu. Tiradentes imortalizou-se, pelo seu martírio como patrono das
polícias brasileiras.
E
é em nome da Câmara de Vereadores de Porto Alegre - síntese do próprio povo e
de sua vontade - que hoje me honro com a deferenciosa incumbência de saudar as
nossas gloriosas corporações policiais, civil e militar, para dizer e para
tentar expressar não apenas o carinho e a gratidão, mas principalmente, o
orgulho desta Cidade pelos seus defensores principais.
Corria
o ano de 1924 quando a 18 de novembro, o então Presidente do Estado, o ínclito,
saudoso e insuperável líder, Doutor Antônio Augusto Borges de Medeiros, ao
saudar a Brigada Militar, proferiu a lapidar sentença: ‘Confiai na justiça da
História e da Legenda’. É que a briosa organização policial militar gaúcha já
vencia a barreira do tempo, para frente ou para trás, fulgurando nos céus
destes pampas, como uma legenda de exemplos, de proteção e de serventia.
A
primeira organização policial-militar do Rio Grande do Sul foi criada pela Lei
nº 07 de 18 de novembro de 1837, em plena Revolução Farroupilha, pelo então
Presidente da Província, o General Antônio Elseário de Miranda e Brito.
Formou-se assim o Corpo Policial da Província de São Pedro do Rio Grande, com
organização, disciplina e vencimentos iguais aos do Exército Imperial. Esta
organização policial-militar atuou na Província durante quase quarenta anos.
Esse
quadro somente seria alterado logo após a Guerra do Paraguai. A Lei nº 874, de
26 de abril de 1873, extinguiu o antigo Corpo Policial, sendo organizada em sua
substituição a Força Policial.
O
advento da República marcou nova organização nos órgãos policiais. Um mês
depois da Proclamação da República, em 26 de dezembro de 1889, a Força Policial
transformou-se em Guarda Cívica, a qual teve pouca duração com o afastamento de
Júlio de Castilhos da Presidência do Estado. Ressurge por poucos anos a antiga
denominação de Corpo Policial.
A
Brigada Militar do Estado foi então criada em 15 de outubro de 1892,
compreendendo o Comando Geral e Estado Maior, Corpos de Infantaria e Cavalaria,
da ativa e da reserva. Com esta constituição marchou a corporação para o campo
de luta da Revolução Federalista de 1893 a 1895.
Encerrado
o sangrento episódio, viveu o Rio Grande do Sul um largo período de paz e
tranqüilidade, e também de desenvolvimento econômico e social. A manutenção da
ordem, entregue à Brigada Militar, permitiu um ambiente de trabalho em que se
transformava lentamente a estrutura econômica do Estado, prenúncio da Revolução
de 1930 e do início da industrialização do Rio Grande do Sul e da modernização
dos métodos de trabalho na lavoura e na pecuária.
A
modernização das instituições políticas e sociais determinou um período de
intranqüilidade política, e a Brigada Militar foi chamada a intervir em vários
conflitos. Em 1923 eclodiu o movimento liderado ideologicamente por Assis
Brasil em oposição ao Governo do Estado. Criaram-se diversos corpos na Brigada
Militar para enfrentar combates em diversas frentes, sob o comando do Coronel
Afonso Emílio Massot, Comandante-Geral. Encerrado o episódio com o Tratado de
Pedras Altas, partiram contingentes da Brigada Militar para colaborar na
debelação do movimento rebelde de 1924 em São Paulo. Batalhões da Brigada
Militar intervieram em operações bélicas nos Estados de Santa Catarina e do
Paraná, e expedicionaram ao norte do País.
Teve
a Brigada Militar do Estado intensa e importante participação na Revolução de
1930, que modificou radicalmente o panorama político brasileiro. Em 1932
encerra o ciclo de intervenções em episódios cruentos, com presença no
movimento revolucionário de 1932 em São Paulo.
Foi
a força policial-militar do Rio Grande do Sul chamada a intervir em outros
acontecimentos de envergadura, como o Estado Novo em 1937, a Legalidade em 1961
e o Movimento de Março de 1964.
Nós
últimos 25 anos a Brigada Militar modernizou seu parque de viaturas e
principalmente os métodos operacionais, tornando-se um modelo para os demais
Estados brasileiros, pela serenidade, firmeza e responsabilidade na intervenção
a que foi convocada, em diversos episódios, para a manutenção da ordem pública.
Esse
breve relato das atividades da Brigada poderia ser ilustrado com a narrativa de
tantos atos heróicos praticados por seus integrantes, ao longo de sua história,
nos episódios políticos de maior relevância, como no combate diuturno ao crime,
no qual caíram tantos e tão bravos policiais-militares, hoje no olvido ou no
anonimato. Deixo aqui, como gaúcho, meu preito de gratidão e admiração pela
Brigada Militar do Estado.
De
outra parte, uma das maiúsculas expressões da magistratura rio-grandense, o
eminente professor desembargador Balthazar Gama Barbosa ensinava, ao proferir
em 1957, a aula inaugural da novel Escola de Polícia, citando o prefácio da
Enciclopédia Nacional da Polícia da França, que ‘o policial não é um idiota
brutal e sem alma, mas um cidadão sem o qual os outros não poderiam viver em
sociedade’.
O eventual poder que se atribui à Polícia de atuar sobre a vontade dos outros, só de um modo pode ser adequadamente usado: Servindo! Pois a todos que têm função pública na Cidade, deve ser divisa e lema, a afirmação daquele que tem todo o poder, o Mestre dos Mestres: De não ter vindo para ser servido, mas para servir. Toda via, muitas vezes a missão policial é incompreendida.
Diz Nilo Batista, ex-Secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro: ‘Entre as instituições da área de justiça e segurança pública, a polícia é a gata borralheira, jamais convidada para os bailes dos teóricos. Sobre ela incide uma redução dual: violência e corrupção. Não se pode ignorar o binômio. Mas, se queremos uma polícia para o estado de direito democrático, convém superar esse reducionismo cego. Convém, por exemplo, perguntar se uma sociedade cujas práticas políticas ignoram a tolerância e a participação, pode ter uma polícia em que o respeito pelo outro prevaleça sobre a truculência. E se num País cuja administração pública é marcada pela esperteza e pela impunidade do ilícito, poderíamos encontrar na administração policial um oásis de austeridade e zelo.’
Acho, diz ele, que uma chave para compreender o problema está no isolamento e abandono da polícia. Realmente, o isolamento interno dos quadros policiais agrava-se, na medida em que muitos concebem desligados da sociedade civil, não por desejo próprio, mas pela injusta rejeição a entes que participam da dura repressão criminal e que não contam em contrapartida, com a devida proteção do Estado às investidas dos que lhes têm desafeição.
‘Quebrar esse isolamento é um pressuposto para a transformação, sem ignorar as lideranças funcionais, nem a discussão interna pela qual o policial resgate sua identidade de cidadão, suas responsabilidades como funcionário público e os compromissos de sua profissão’, diz ainda Nilo Batista. E acrescento, deve também o Estado sem monitoramento ser co-participante, neste processo de aproximação do bom policial às coisas importantes que surjam ao seu redor.
Na atual conjuntura, mais importante do que insistir na episódica visão negativa da polícia, é reconhecer sua fundamental importância em conceder à família policial compreensão e segurança, e à Polícia os recursos de pessoal e de meios para que possa com eficiência cumprir suas obrigações constitucionais. O que é a Polícia? Para responder, não faço diferença entre Polícia Civil e Polícia Militar, mas adoto a sábia definição do inesquecível cientista do Direito, Rui Cirne Lima, de que ‘é a Polícia quem cria as condições indispensáveis para que os indivíduos, em ordem e harmonia, logrem conduzir, através do convívio cotidiano, o desenvolvimento de suas relações sociais, independentemente de coação, em cada caso concreto.’
Todavia, Polícia não é apenas restritiva nem coercitiva, mas ponta-de-lança na promoção da felicidade. É o preclaro mestre argentino Rafael Bielsa quem adverte: ‘No conceito hoje dominante da Polícia compreende-se a faculdade ou poder jurídico, por parte do Estado, de estabelecer limitações a exercer coativamente sua atividade com fim de regular o uso da liberdade pessoal e promover o bem-estar geral.’
Por todas essas razões é que as organizações policiais do Estado, cujos membros também cometem erros e até denigrem sua conceituação, mas também, muito seguidamente, sacrificam a própria vida na defesa anônima e não raramente muda, merecem o nosso aplauso, a nossa consideração e reconhecimento. E mais que tudo, o agradecimento penhorado das pessoas de bem, dos verdadeiros cidadãos que legitimamente, com imensos sacrifícios, constroem o maior valor da dignidade humana, que é a solidariedade.
Adono-me das palavras do eminente promotor de Justiça do Rio de Janeiro, o doutor Mário Portugal Fernandes Pinheiro, para alertar ‘aqueles que jamais subiram morros, favelas, ou sequer conhecem de perto os antros freqüentados por marginais, e que se enclausuram comodamente em seus gabinetes, sem que nunca houvessem participado de tiroteios, no estrito cumprimento do dever legal, e também em legítima defesa, de que não se devem apagar com antolhos ao texto gélido da Lei, distante do calor dos acontecimentos e a salvo de gravíssimos riscos, na busca do enfraquecimento ou do desestímulo das polícias, em toda a plenitude legal.’
Aos dirigentes, aos servidores, aos familiares da Polícia Civil e Militar, que hoje materializo nos vultos inesquecíveis do Coronel Heitor Castro de Oliveira, primeiro comandante do 9º BPM, e do Delegado Luiz Carlos Barreto de Medeiros, uma das relíquias da Polícia Civil, o primeiro recentemente falecido, e o segundo no ano anterior, transmito mais que a saudação, transmito o abraço e a solidariedade da Casa do Povo de Porto Alegre!”
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Edi Morelli, que
falará em nome da Bancada do PTB.
O SR. EDI MORELLI: Ver. Lauro Hagemann, 1º Secretário no
exercício da Presidência da Câmara Municipal de Porto Alegre; Srs. Vereadores
presentes; Senhoras e Senhores; homenageados e visitantes.
Eu
quero dizer da honra que me é concedida em poder usar esta tribuna hoje para
homenagear o policial gaúcho, o policial PM, o policial civil. (Lê.)
“O
mártir da Independência, um homem cujo sonho culminou com o seu
esquartejamento, é o patrono da polícia. Joaquim José da Silva Xavier, um alferes,
conhecido por Tiradentes, hoje é lembrado não só por ter sido um herói, também
é lembrado por ser o patrono de uma instituição cuja função principal é a de
proteger o cidadão. A instituição polícia existe desde os primórdios quando da
formação dos primeiros grupos de conveniência comum. Sobre a Polícia Civil,
recordo que já no século XVI, aqui no Brasil os capitães hereditários já ouviam
de seus forais alusões à formação de ‘uma tal Polícia Civil’. Em 1549, os
Governadores Gerais da então colônia de Portugal, o nosso Brasil, já falavam
num cargo denominado ‘Chefia de Polícia’. De 1580 a 1640 o Brasil esteve sob o
domínio espanhol e pouco se falou em polícia como instituição. Com o fim da
estrutura administrativa espanhola; com a chegada da Família Real, em 1808, o
Príncipe Regente, Dom João, criou a estrutura do serviço de espionagem para
policiarem os nobres espanhóis e também os franceses. Este serviço de
espionagem tinha como função básica vigiar os passos de Dona Carlota Joaquina,
esposa de Dom João e mãe do futuro Imperador D. Pedro I, já que a mesma era
espanhola e Dom João temia uma traição - vejam os Senhores que a traição já
existia naquele tempo. A Constituição do Império, de 1824 finalmente
regulamentou as funções de polícia, colocando em alta evidência hierárquica o
cargo de Chefe de Polícia, que vinha logo após aos cargos de Ministros do
Império. É por esta época que surgem os corpos policiais, mais tarde
militarizados no exercício da função de polícia, na verdadeira acepção da
palavra polícia, que significa: ‘Conjunto de leis ou regras impostas aos
cidadãos, com vista à ordem, à moral e à segurança pública’. A Brigada Militar
teve grande participação na Revolução Farroupilha, protegendo os interesses do
Império, mas naquele tempo existia sob o nome de Corpos Policiais. Foi com João
Abott, intendente-geral de Porto Alegre, que a Brigada Militar passou para a
estrutura que apresenta hoje em dia. Já a Polícia Civil teve participação
brilhante e intensa na Revolução de 03 de outubro de 1930. No começo existia a
Guarda Civil, a Guarda de Trânsito e o Policiamento de Choque, sendo unidas
numa só: a Polícia Civil que conhecemos hoje; uma polícia judiciária, com nova
estrutura, meramente investigatória, persecutória e preparatória da ação
penal”.
A
nossa Polícia Civil no Brasil e, eu diria, no Rio Grande do Sul, da nossa
briosa Brigada Militar, o Vereador que me antecedeu, Delegado de Polícia Leão
de Medeiros, teve a feliz iniciativa de solicitar nesta Casa a homenagem a um
policial civil morto no cumprimento do dever e a outro não menos herói, soldado
que perdeu a vida defendendo vidas quando da queda da marquise da Arapuã.
Me
perdoem, Senhores presentes, pela emoção, mas quando falo em polícia em lembro
Justiça e Direitos Humanos, na qual respondo a dois processos pelo simples fato
de dizer que não gosto da entidade, porque a entidade não defende aqueles que
deveria defender e disse isso num programa da Rádio Gaúcha logo após o motim da
PEJ, ou seja, no dia 6 de janeiro de 1988, quando naquele motim uma familiar
minha foi morta. E, o quê a justiça e os Direitos Humanos fizeram pelas cinco
crianças da Norma que ficarão órfãs? Nada. Absolutamente nada, mas quando pegam
um Doge da vida e criam falsas testemunhas, aí, empanam, mancham, maculam a
imagem da Polícia Civil e da Polícia Militar.
Quero
dizer aos Senhores e Senhoras presentes, às autoridades visitantes da emoção
com que eu subo a esta tribuna, ocupo esta tribuna para homenagear o nosso
policial. Parabéns, Brigada Militar; Parabéns, Polícia Civil. Que na defasagem
de seus salários, na defasagem de equipamentos sobe, como disse aqui o Ver.
Leão de Medeiros, aos morros para combater assassinos, bandidos de peito aberto
e que morrem em defesa da nossa integridade. Parabéns a todos vocês, policiais.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A seguir, com a palavra, o Ver. Cyro
Martini que falará em nome das Bancadas do PDT e do PT.
O SR. CYRO MARTINI: Exmo Sr. Ver. Lauro Hagemann,
1º Secretário no exercício da Presidência da Câmara Municipal de Porto Alegre;
representantes das entidades policiais civis; representantes das entidades
policiais militares, Srs. policiais.
Coube-me a elevada
honra de representar a Bancada do Partido Democrático Trabalhista, e também a
do Partido dos Trabalhadores, nesta solenidade. Por razões óbvias, eis que
pertenço aos quadros da Polícia Civil, na qual exerci diversas funções em
vários de seus segmentos, tanto no interior do Estado, como na Capital.
Minha
satisfação nesta oportunidade, por conseguinte, é dupla. Primeiro, por
representar o PDT e o PT nesta Sessão. Segundo, por manifestar-me justamente na
reunião desta Câmara, que objetiva assinalar a data policial - 21 de abril. A
par desses motivos, que tocam meus sentimentos marcadamente, há ainda a
história do trabalhismo, que sempre soube sobremaneira prestigiar filiados
oriundos do funcionalismo policial. Quantos policiais, civis ou militares,
desempenharam funções de efetivo relevo, nas diversas esferas administrativas e
nos três Poderes? Não ouso mencionar o nome de quem quer que seja, porque
certamente a memória me trairia, fazendo-me esquecer de policiais, cujos nomes
teriam de ser obrigatoriamente citados. Por isso, não destaco nenhum. Sei,
entretanto, que neste momento a figura de muitos percorre suas lembranças,
exigindo que seus nomes fossem agora mencionados. Não quero cometer a injustiça
do esquecimento, mas desejo consignar seus exemplos e seus significativos
serviços prestados à causa pública.
O
Dia do Policial está estreitamente relacionado com a data de 21 de abril,
porque Tiradentes, Joaquim José da Silva Xavier, Patrono da Polícia, foi morto
neste dia, no ano de 1792, enforcado no Largo da Lampadosa, no Rio.
A
Conjuração Mineira, a Inconfidência Mineira fez de Tiradentes o grande vulto da
Nação, transformando-o no Patrono Cívico da Nação brasileira, no Mártir da
Independência, no herói da libertação Nacional. Várias profissões, nas quais
sempre se saiu de modo assinalado, a principal delas sem dúvida foi a que lhe
deu a alcunha, a de dentista. Suas ligações com os misteres policiais
localizam-se e, seu currículo no cargo militar e policial é na condição de
alferes. Como alferes, coube-lhe, como Comandante da Patrulha do Caminho Novo,
que se entendia de Vila Rica até o Rio de Janeiro, atividade na qual mostrou-se
eficiente e destemido, na renda do mato, perseguir ladrões e assassinos que
infestavam então a região. Em todos os encargos sempre demonstrou entusiasmo,
empenho, responsabilidade. Fidelidade acima de tudo. O idealismo sempre adornou
sua vontade e comportamento. Os traços da personalidade e caráter de Tiradentes
tem muito a ver com o lídimo policial. O sacrifício, o idealismo são virtudes
que identificam o policial por excelência. Se Tiradentes dedicou sua vida aos
seus ideais e assumiu plenamente as responsabilidade do movimento de
independência articulado em Minas, o policial, por força de sua vocação e gesto
pela profissão, também põe a serviço da sua atividade a sua própria vida. Muito
foram os policiais que tombaram no cumprimento do dever. Não são poucos os
riscos inerentes à profissão. Se Tiradentes foi brutalmente agredido,
esquartejado, por sua vez, o policial não raro é incompreendido e injustiçado.
Há muito pontos de contato entre a vida incomum de Tiradentes e o caráter e
conduta profissional do policial exemplar. A grandeza de Tiradentes sem dúvida
é invulgar e uma luz inalcançável, mas a do policial também é significativa.
Motivos pelos quais Tiradentes é o Patrono da Polícia. É o paradigma no qual a
polícia deve buscar orientação para dar moral ao seu desempenho. A Polícia, em
seus diversos segmentos, incumbem os afazeres concernentes a segurança pública.
A segurança pública, como dispõe a Constituição Nacional, é dever do Estado,
direito e responsabilidade de todos e é exercida para a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. O encargo policial é
hoje levado a efeito pelas Polícias Federal, Rodoviária Federal, Ferroviária
Federal, Civil e Militar a qual se junta o Corpo de Bombeiros. Ainda é citada na
Carta Magna, a Guarda Municipal, à qual incumbe proteger os bens, os serviços e
as instalações do Município. Conquanto não referida na Constituição, há ainda a
Polícia Rodoviária Estadual.
A
Polícia Militar, para nós, a Brigada Militar, que compreende também os serviços
de Bombeiros, bem como a defesa civil, e ela cabe a polícia ostensiva e a
preservação da ordem pública. À Polícia Civil cumpre, ressalvadas as
atribuições da Polícia Federal, as funções de polícia judiciária e a apuração
de infrações penais.
No
Rio Grande do Sul, além dos chamados serviços peculiares à polícia judiciária
ou repressiva, cabe à Polícia Civil, também, os serviços de trânsito, com os
quais tenho estreitos laços de apreço. Ao Departamento de Trânsito, como órgão
integrante da estrutura da Polícia Civil, incumbem atribuições relativas a
registros e licenciamento de veículos, a habilitação de condutores, a
fiscalização e aplicação de penalidades administrativas de trânsito, dentre as
quais se destaca a multa, a educação de trânsito, a estatística de trânsito sob
vários aspectos e outros, sendo que, dentre nós, o DETRAN compreende também a
Delegacia de Delitos de Trânsito, conhecida por Delegacia de Acidentes.
Os
serviços de trânsito foram incorporados à Polícia Civil, através do Decreto n°
7.674, de 6 de janeiro de 1939, que aprovou o Regulamento de Trânsito do
Estado. Faz, portanto, 50 anos que os afazeres de trânsito encontram-se
confiados à Polícia Civil. Comemoramos, portanto, este ano, o cinqüentenário
dos serviços de trânsito integrados às atribuições do Estado do Rio Grande do
Sul. O Artigo 2º, letra B, do referido Regulamento, referia-se à Delegacia de
Trânsito e Acidentes, componente da estrutura organizacional da Repartição
Central de Polícia. E há quem pense em mutilar a história da administração
pública estadual, querendo transferir para outros setores do Estado as
atribuições que foram confiadas, há 50 anos atrás, à Delegacia de Trânsitos e
Acidentes da Central de Polícia. Mais tarde, nasceu a Divisão de Trânsito.
Hoje, temos o Departamento de Trânsito. Desrespeitar a história do DETRAN, em
sua cinqüentenária união com a Polícia Civil, é desconsiderar uma Organização
que muito fez e muito fará pelo Rio Grande e pelo povo gaúcho.
Releva
salientar ainda nesta oportunidade, embora festiva, por um lado, e de
reverência, por outro, que a Polícia Civil, assim como a Brigada Militar, não
conta hoje com os recursos humanos e com os meios materiais necessários, para o
pleno e absolutamente exitoso combate à criminalidade. Não por causa de seus
dirigentes e daqueles que por elas têm reivindicado, eis que tudo eles têm
feito para conscientizar a todos e para conquistar o que se faz indispensável
para a plenitude das atividades policiais.
A
violência e a criminalidade, desde as modalidades mais simples até as formas
mais cruéis, grassam na atualidade nos meios urbanos e nos rurais, desde as
camadas mais humildes da nossa sociedade até as mais privilegiadas. A miséria,
sem dúvida, é fato significativo como gerador da criminalidade, mas não é o
único. Se há o crime praticado por aquele que tem fome e que vê a mesa da sua
família sem alimento, também há o delito cometido nos meios onde o econômico
não é a causa. O tóxico e o tráfego, via de regra não levam a conseqüências
danosas em virtude da pobreza.
Sempre
que tenho oportunidade para tanto, afirmo, e com sincero pesar, que, para os
próprios policiais é lastimável ter de reconhecer que a segurança hoje é
prioritária, a despeito dos esforços extraordinários por eles desenvolvidos
para que tal não se torne realidade. Aliás, o próprio Governador há poucos dias
declarou que a segurança seria prioritária em seu governo.
Os
meios de comunicação social e o nosso próprio conhecimento dão-nos conta da
freqüência insuportável dos crimes hediondos que hoje acontecem, assim como dos
assaltos e arrombamentos que se verificam tão amiúde que não chamam tanto a
atenção, embora apavorem cada vez mais as pessoas de bem. Tal, entretanto, sob
a total aflição dos policiais; jamais eles admitem que os criminosos possam
permanecer impunes e agir com uma liberdade ímpar. Os policiais estão, tanto
quanto a sociedade, extremamente angustiados, porque eles têm sentimento de
brio pela sua profissão.
É
flagrante o número reduzido de policiais em atuação nas nossas delegacias. É
visível a quantidade limitada de veículos a serviço da Polícia. É
impressionante o volume de prédios que abrigam repartições policiais que, ou
são inadequados para sua finalidade ou apresentam condições precárias. Recursos
técnicos de variada natureza também tolhem o andamento desembaraçado dos
afazeres policiais. Muito há o que ser feito, e providenciado no sentido de
aparelhar os serviços policiais com o mínimo indispensável de recursos. Como
também os quadros policiais urgentemente têm de ser ampliados, pois que não é
possível esperar-se que um número acanhado de servidores policiais consiga dar
vencimento a toda a demanda que se projeta sobre as repartições policiais.
De
outra parte, também cumpre salientar que a maneira de encarar os serviços
policiais hoje, assim como a legislação que disciplina a ação policial não
favorecem um desempenho policial mais ágil e desembaraçado.
Não
canso de repetir que, se por um lado se deve lutar com todos os nossos esforços
em favor da garantia dos direitos da pessoa humana e do cidadão, por outro, se
deve encontrar soluções mediante as quais o policial possa trabalhar sem temer
que, ao menor movimento sem intenções levianas, possa ser expulso da polícia e
até parar na cadeia. Se os direitos são sagrados, e realmente o são, e como a
polícia deve ser eficiente em sua atuação, só resta um caminho: a sociedade
terá de encontrar o ponto de equilíbrio.
O
Partido Democrático Trabalhista, o Partido dos Trabalhadores que sempre
souberam, como já o dissemos, valorizar o policial, reconhecem o esforço dos
atuais dirigentes da Polícia. Saúdam-nos. Emprestam-lhes a sua solidariedade.
Parabenizam-nos e especialmente aos policiais em geral em virtude do dia 21 de
abril. Que o exemplo de Tiradentes sempre sirva de guia para a conduta do
policial e que esse sempre seja um modelo de cidadão e de funcionário.
As correntes trabalhistas que priorizam a criança, a educação e a saúde, assim como o trabalhador, sabem que tudo tem de ser realizado em um clima de segurança e de tranqüilidade. Muito obrigado. (Palmas.)
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Concedo a palavra a seguir ao Ver. Luiz
Machado, que falará em nome da Bancada do PMDB.
O SR. LUIZ MACHADO: Exmo Sr. Ver. Lauro Hagemann,
1º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre, no exercício da Presidência;
meus senhores e minhas senhoras, autoridades civis e militares aqui presentes.
Esta
homenagem que presto a nossa polícia, aos nossos homens que tombaram no passado
e no presente, a minha homenagem é aos senhores, de um homem, um Vereador da
periferia de Porto Alegre que sabe de todos os problemas que os Senhores passam
para enfrentar o problema de segurança e também o que nós brasileiros sofremos
porque também fizemos parte desta segurança. (Lê.)
“As
polícias de nosso estado, compostas por homens que quando iniciam suas
atividades diárias não sabem se conseguirão regressar incólumes ou se serão
feridos ou mortos no cumprimento do dever. Nós todos sabemos disso.
Hoje,
principalmente, em que o conceito de democracia vem sendo deturpado,
confundindo o governo do povo pelo povo. Como os Estados não conseguem aumentar
os efetivos policiais, e dotá-los de meios repressivos mais adequados, a
criminalidade média disparou no País, principalmente nas capitais. E, em
conseqüência até o costume do cidadão mudou. Já é difícil sair e passear a
noite. É o assalto, talvez a morte.
Desde
que a III Sessão Ordinária da Assembléia das Nações Unidas aprovou a Declaração
dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro de 1948, parece que os marginais à
tomaram por escudo, convencidos de que eram os únicos destinatários daquelas
normas. Mas esqueceram de cumpri-las. E esqueceram que os direitos ali
inscritos são como todos os direitos, plenamente relativos e terminam onde
começa o direito do semelhante.
O
brilho das comemorações de mais uma data dedicado a Joaquim José da Silva
Xavier, o Tiradentes, patrono das polícias brasileiras não esconde a realidade
que vivemos: a violência explode nas ruas, monopoliza as manchetes dos jornais,
avassala os presídios e infiltra-se em nosso cotidiano. É verdade que o crime
sempre existiu e continuará existindo, por mais aptos e capazes que sejam os
órgãos encarregados de sua repressão. Ao lado de reclamos por soluções
infra-estruturais, há sempre a exigência de maiores contingentes policiais e
melhor aparelhamento dos órgãos de segurança pública. Mas, a luta é muito
desigual. Não tem a Brigada Militar, nem a Polícia Civil, o material
indispensável para o bom desempenho da árdua missão. Seus integrantes, não tem
horário, são chamados a qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer dia da
semana, domingo, feriado ou dia santo. Dias, aliás, em que mais trabalham. Se
ao menos no fim do mês recebessem um salário digno, compensador, merecido.
Sabemos
que a falta de pessoal é o maior problema enfrentado, somente a Brigada Militar
possui um claro de mais de quatro mil homens, e na Polícia Civil acontece o
mesmo. E a evasão contínua, na busca de melhor salário e menores riscos.
Sabemos que na área do comando de policiamento da capital o claro do efetivo se
aproxima de dois mil homens. Precisamos reverter essa situação com melhores
salários e melhores condições de trabalho, para a Brigada Militar e a Polícia
Civil.
Sabemos
que essas providências estão sendo buscadas pelo governo do Estado e pelas
próprias organizações policiais, mas esperamos que essas providências se
concretizem no mais breve possível para que a Cidade, o Estado possam dormir
sossegados, com tranqüilidade, sabendo que terão um dia melhor amanhã.”
Meus
senhores, tenho por base ter dito sempre nas minhas reuniões que faço com a
comunidade que a segurança depende de nós, depende de cada um; não só os
senhores que praticam diretamente a segurança como homens militares e civis, a
Polícia Civil. A segurança depende de nós, de cada brasileiro, de cada cidadão,
independente do cargo que ocupa. Eu como homem público posso dizer que me
preocupa muito a segurança e quero dizer aqui nesta tribuna, pedir escusas pelo
Ver. Omar Ferri, pois o Ver. Omar Ferri é um defensor dos Direitos Humanos e
nós todos conhecemos e ele merece todo o nosso respeito e também, os Direitos
Humanos que ele defende eu também defendo. Os Direitos Humanos são para todos.
Quero
também perdoar o Ver. Edi Morelli ao se referir sobre os Direitos Humanos
porque teve uma pessoa da sua família que teve problemas e num momento de
sentimento chegou a tribuna. Quero dizer que tudo isso aí nos leva sempre a um
sentimento só, de patriotismo e de lealdade às nossas forças civis e militares,
porque nós somos brasileiros, temos um compromisso, mas um compromisso também
de dizer a verdade e não engodo. Um compromisso que assumi como Vereador de
Porto Alegre de dizer a verdade e não iludir. Vamos dizer que nós temos um
orçamento que não condiz com as necessidades do momento. Que nós precisamos
dizer aos nossos constituintes estaduais, que precisamos dotar um orçamento de
segurança pública digno para atender os homens que fazem a segurança pública.
Para que não possamos empurrar sempre com a barriga para a frente os problemas,
para que não possamos empurrar para a Brigada ou para a polícia acontecimentos
que hora vem acontecendo ou de um lado ou de outro. Problemas esses que todos
familiares têm. A nossa família tem problemas, porque então, organizações tão
distintas como a Brigada Militar e a Polícia Civil não podem ter problemas nas
suas fileiras. Qualquer um tem nos seus familiares. É só procurar que vai
encontrar algum problema. E, eu estou aqui, como um humilde brasileiro para
dizer a verdade e, dizer que nós estamos aqui para contribuir, para dizer aos
nossos Deputados Federais, aos nossos Senadores, a todos os que fazem leis
neste País para que façam lei e que também procurem se entender para que
possamos dar um orçamento digno a nossa gente que tanto tem lutado e muitos
tombaram, muitos deixaram viúvas para trás em defesa da nossa segurança.
Por
isso aí, meus Senhores, estou homenageando o dia da Polícia e dizendo que
Tiradentes morreu pela lealdade, pelo direito, pela democracia, e morreu pela
liberdade, pois nesta mesma data morreu Tancredo Neves, um homem em que todos
nós tínhamos esperança e que merecia viver para o bem da nossa Pátria, pois
quero dizer a todos os Senhores, como Vereador de Porto Alegre, morando na
periferia, os problemas são enormes. Começa no social. Não adianta largarmos os
problemas para a Polícia, para a Brigada Militar, quando enxergarmos com nossos
próprios olhos os problemas. Problemas como o que o nosso País está falido
economicamente, o Estado da mesma forma e o Município também. O que vamos
fazer? Vamos deixar o Brasil, ou vamos agarrar esse verde e vamos lutar? Pois é
essa a nossa obrigação, seja civil e seja militar e seja de nós todos cidadãos.
Homens de bem, vamos lutar, vamos fazer com que as cadeias sejam, no futuro,
simplesmente uma lembrança triste. Que elas possam ficar vazias e que nós
possamos ter todos os nossos homens de bem livres, mas os homens de bem que
estejam sempre sendo encarcerados, aqueles homens que muitas vezes não podem
estar no nosso convívio mas que respeitamos, porque sempre vêm de uma raiz, de
uma família ou, muitas vezes, alijados do processo de crescimento de nossa
Pátria. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Artur Zanella, que
falará em nome da Bancada do PFL.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Ver. Lauro Hagemann, que preside esta
Sessão e a Casa neste momento; Dep. Luis Abadie; Coronel Assis Fontoura de
Almeida; Coronel PM Jerônimo Carlos Santos Braga, Comandante da Brigada
Militar; Dr. Alaor de Almeida Lewgoy; Dr. Raul Trevisan; Senhores que
representam aqui as forças policiais do Estado; meus Senhores, minhas Senhoras;
Srs. Jornalistas.
Esta
é uma Sessão tradicional nesta Casa. Todos os anos um Vereador a solicita e
todos os anos eu faço questão de participar, quando tínhamos uma Bancada maior,
ou quando, agora, nossa Bancada se resume somente a este Vereador. E eu, hoje,
quando cheguei, a Sessão já havia iniciado, fruto dessas atribuições que toda
sociedade tem e que qualquer homem público representante do povo também tem.
Mas, dentro dessas atribuições, dentro desse transe em que vivemos num momento
de transição, todos sabem, os que são contra ou que são a favor das
instituições policiais que sempre trabalhando de manhã, à tarde, à noite, nas
horas das incertezas, nas horas mais duras da nossa vida, nós sempre terminamos
apelando à Polícia Civil ou à Polícia Militar. São milhares, milhões talvez de
ocorrências por ano em todo este Rio Grande, em todo este Brasil e,
evidentemente, quando ocorre algum problema ou algum deslize, sempre se tenta
jogar na Instituição o defeito de um de seus integrantes, de um de seus
membros. E é por isto, Sr. Comandante da Brigada Militar, Sr. Representante da
Polícia Civil, que estas Sessões são realizadas, para que nós possamos colocar
claramente que a Instituição que é representada lá pelo trabalho dos bombeiros,
pelo trabalho dos salva-vidas, pelo trabalho que os PMs fazem em todos eventos
da Cidade ou do Estado. Eu, ontem, escutava, até com emoção na jornada esportiva,
a orientação que era dada pelos locutores, dizendo para as pessoas abandonarem
o Estádio com calma e que fossem às suas casas, de preferência caminhando onde
tivesse PMs para que não fossem assaltadas. Então, aquilo ali é a proteção, e
ela independe de ideologias, independe de sistemas políticos e de regimes, ela
é necessária em qualquer lugar. São instituições que atuam nos grandes eventos
públicos. Quem iniciou a Revolução de 1930 foi a Polícia Civil, ao tomar o QG
do Exército em 1930, onde ali quase tombou Francisco Brochado da Rocha que
depois foi 1º Ministro deste País. São elementos das grandes decisões nacionais
e das pequenas também. E se vê lá naquele posto da Vila, lá na 16ª da Restinga
ou no Quartel Comunitário da Brigada Militar, junto com a população e o Governo
do Município, o Governo do Estado, o Governo Federal, constrói lá na Vila
Restinga, será inaugurado dia 27, Coronel Paixão, que nos traz, a mim ao menos,
uma esperança maior em nossa sociedade, porque sempre, sempre, quando se
procura destruir uma sociedade, se começa pela destruição das Forças de
Segurança. Sempre ocorreu assim, sempre ocorrerá.
Venho
hoje trazer solidariedade, se é que se pode dizer assim, solidariedade, minha e
de meu partido a uma história do Estado que foi construído por estas
instituições, que tem ligações profundas com esta Casa. Me lembrava agora que
na Legislatura passada nós tínhamos quatro policiais civis ou militares, como
Vereadores. Hoje temos três, Ver. Wilson Santos, Capitão PM; Delegado Leão de
Medeiros e Delegado Cyro Martini. São 10% da representação na Câmara de
Vereadores que vêm de setores de segurança, mostrando a identificação da
população com estas instituições, mostrando que as Instituições têm o respeito
e têm o reconhecimento da população. Porque se assim não fosse, estes sete
Vereadores da última Legislatura para cá não teriam sido trazidos pelo voto
livre e secreto dos cidadãos de Porto Alegre.
Aceitem
assim, Srs. Comandantes, Srs. Representantes da Polícia Civil e todos os demais
que aqui estão, muitos dos quais conheci como tenentes, capitães, aspirantes e
que hoje, como coronéis, dignificam as suas instituições, e dignificam a nossa
sociedade, e tem na Casa que representa o povo de Porto Alegre, todo o
respeito, todo o apoio e toda a consideração. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Wilson Santos, que
falará em nome da Bancada do PL.
O SR. WILSON SANTOS: Ilmo Sr. Lauro Hagemann, no
exercício da Presidência da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dep. Luis Abadie,
Vice-Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul;
Coronel Assis Fontoura de Almeida, Juiz-Militar Presidente do Tribunal de
Justiça Militar do Estado; Ilmo Sr. PM Jerônimo Carlos Santos Braga,
Comandante Geral da Brigada Militar; Ilmo Sr. Doutor Alaor de
Almeida Lewgoy, Subchefe de Polícia, representando a Polícia Civil; Ilmo
Sr. Doutor Raul Trevisan, representando o Sr. Prefeito Municipal, Olívio Dutra.
É
um orgulho participar desta Sessão, tendo em vista que nasci em berço
brigadiano; com 16 anos ingressei na Polícia Militar. Sou Vereador egresso do
oficialato da Brigada Militar. E diria que a existência de um só homem na face
da terra, dispensaria o aparato policial. Agora, é evidente, é lógico que a existência
de vários indivíduos exige a instituição de um mediador para os contendores em
lide que na realidade querem viver a intensa liberdade e necessita daqueles que
possam estabelecer e viver a proteger os limites e até da contestura da palavra
total liberdade. E aqui está, na opinião deste Vereador que representa o
Partido Liberal e grifa a palavra liberdade, o motivo de que a Casa do Povo de
Porto Alegre tenha já instituído esta tradição de todos os anos homenagear a
instituição policial do Rio Grande do Sul. Aqui diz presente a Polícia Civil
porque ela está aí incrustada no Rio Grande do Sul com as suas delegacias de
polícia, com as suas delegacias especializadas, com seus investigadores,
escrivães, inspetores, comissários, delegados, dizendo presente na manutenção
da segurança, que eu também tenho presente que o estalão, o termômetro que mede
o grau de civilização de um povo, é justamente o grau de bem-estar que vive
esse povo. E eu diria, para registrar uma especial homenagem à Polícia Civil,
eu evocaria o patrono específico da Polícia Civil, delegado Plínio Brasil
Milano, que pela polícia deu sua saúde e sua vida. Inclusive, um detalhe, o
delegado Plínio Brasil Milano foi Vice-Prefeito de Porto Alegre. Está dizendo
presente a minha Brigada Militar que se diz presente, através do patrulhamento
a pé, a cavalo, motorizado, do serviço de busca, salvamento e combate ao
incêndio, se diz presente e evocaria também a figura do patrono específico,
Coronel Afonso Emílio Massot, que encarna todo o civismo e o garbo da tropa no
soar do taco da bota em continência ao Brasil. E, ao juntar as duas polícias, a
Civil e a Militar, somos, por um dever cívico, impelidos a invocar o nome do
protomártir da independência, o patrono cívico da nação, Joaquim José da Silva
Xavier. Se nós grifamos a palavra liberdade, temos a certeza que toda aquela
atrocidade de ter aquele primeiro mártir sido enforcado, esquartejado, as
partes do corpo expostas ao longo do caminho Minas Gerais-Rio de Janeiro que
teve a sua casa arrasada, o terreno salgado e a declaração de infame a seus
dependentes, não teve, evidentemente, arrancados com esse gesto, de si os
ideais de liberdade. E é o nome desta liberdade, que é o sinuelo da Instituição
político-partidária que represento, que nós saudamos a proteção desta
liberdade, a segurança para vivermos em uma Cidade que necessita ter, cada vez
mais, tranqüilidade. E eu inclusive, ao finalizar, quero dizer que não há
democracia sem liberdade, e não há exercício de liberdade, com meios cidadãos,
porque a democracia exige a ausência de discriminação, exige a ausência de
privilégios e exige a existência de igualdade de direitos. E ninguém é
verdadeiramente cidadão, se tiver os direitos civis e não tiver os direitos
políticos. E eu, que fiz soar a minha voz, para que os cabos e soldados da
Brigada Militar tivessem a extensão dos direitos políticos, encerro a saudação,
no Dia do Policial, dizendo que os Constituintes, que se reuniram na Assembléia
Nacional Constituinte, colocaram no bojo da Constituição Federal um enunciado
sacrossanto que deu o direito político aos cabos e soldados da Brigada Militar,
recolocando a democracia, recolocando a liberdade nos patamares em que deveriam
estar. Era inconcebível que até o analfabeto tivesse este direito e os cabos e
soldados da Brigada não. Parabéns ao Dia do Policial, Parabéns à Polícia Civil
e à Brigada Militar. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Recebemos o seguinte telex do Sr.
Governador Pedro Simon, que passamos a ler. (Lê o telex.)
Com
a palavra, o Sr. Alaor de Almeida Lewgoy, Subchefe de Polícia, representando a
Polícia Civil.
O SR. ALAOR DE ALMEIDA: Exmo Sr. Ver. Lauro Hagemann;
digníssimo Sr. 1º Secretário no exercício da Presidência da Câmara Municipal de
Porto Alegre; Srs. Vereadores, Leão de Medeiros e Cyro Martini; colegas da
Polícia Civil; Exmos Srs. Vereadores; colegas da Polícia Civil e da
Brigada Militar.
Apraz-me
inexcedivelmente - como porto-alegrense e como policial civil -, a oportunidade
de fazer-me presente à homenagem que a Câmara Municipal de Porto Alegre presta
à Polícia Civil. Mais do que o dever de ofício que me corresponde, como
substituto-legal do excelentíssimo senhor Chefe de Polícia, Dr. Eduardo Pinto
de Carvalho - o qual encontra-se em localidade do interior do Estado, atendendo
a compromisso anteriormente assumido -, é uma espécie de nostalgia o que me
determina, como policial civil, a vir ter com este colendo Plenário para
receber, em nome da Polícia Civil, o preito de reconhecimento da cidadania, por
seus legítimos representantes, relativamente aos serviços que lhe tem sido
prestados pela instituição à qual devotamos, meus colegas e eu, nossas vidas.
Nostalgia
de tempos por mim não vividos, mas ouvidos, dos mais antigos, sobre os
inestimáveis serviços que a municipalidade prestou à segurança pública até a
organização da polícia de carreira.
Os
primórdios da Polícia Civil têm fundas raízes nesta Câmara Municipal, posto
que, desde o advento da Lei de 15 de outubro de 1827 - cinco anos passados da
elevação de Porto Alegre à categoria de cidade -, cabia aos vereadores exercer
fiscalização sobre a atividade dos Juízes de Paz, primeiros a exercerem o poder
de polícia referente aos costumes, à ordem pública e à repressão criminal.
Será
um dia de magnitude incomparável para a Polícia Civil e para esta Câmara
Municipal, aquele em que seja efetivada pesquisa histórica relativa à
contribuição dos vereadores porto-alegrenses à segurança pública.
Nenhuma
das instituições policiais de nosso estado precede à Câmara Municipal de Porto
Alegre, na efetivação dos misteres de segurança indispensáveis à sua população.
Assim, onde mais receber o galardão de homenagem tão significativa, quanto a
que presta a instituição na qual originariamente cuidava-se do quanto hoje
corresponde à Polícia Civil? Aqui comparecemos compenetrados do débito a
saldar.
A
Polícia Civil tem enfrentado um desafio sempre crescente da criminalidade, ao
passo que os recursos a ela alcançados, na proporção dos meios disponíveis, tem
sido insuficientes.
Inobstante
as notórias dificuldades do Poder Público, tanto o governo estadual, quanto o
federal, têm provido à Polícia Civil significativa quantidade de viaturas, a
instalação e o equipamento de delegacias de polícia e de órgãos técnicos como
não ocorria há décadas.
O
cuidado com a seleção de pessoal, de molde a evitar a conspurcação do quadro de
servidores da Polícia Civil, supera incomparavelmente a todas iniciativas,
tímidas, que anteriormente tivessem sido alvitradas.
A
remuneração percebida pelos policiais civis situa-se num patamar destacado,
comparativamente com outras categorias funcionais de mesmo nível.
A
eficiência dos policiais civis isoladamente, a efetividade da ação policial
civil no seu conjunto, bem como o perfeito entrosamento da Polícia Civil com a
Brigada Militar, com o ministério público e com o poder judiciário, jamais
atingiram aos níveis de excelência da atualidade.
A
constituição federal vigente, especificando minuciosamente os lindes da
competência da Polícia Civil, ao dispor sobre os direitos e deveres individuais
e coletivos, proporcionou o acionamento de mecanismos que, ao contrário do que
muitos afirmam, desinformados, nenhuma dificuldade acarretaram ao serviços da
Polícia Civil.
Na
condição de Corregedor-Geral de Polícia expedi a primeiro de novembro de 1988 o
provimento nº 23/88, em consonância com o provimento nº 32/88, de cinco de
outubro de mesmo ano, da douta Corregedoria-Geral da Justiça, estabelecendo os
procedimentos policiais referentes à prisão, à lavratura do auto de prisão em
flagrante, à identificação criminal, à busca e apreensão, ao princípio do
contraditório na ação disciplinar, ao processo sumário e à obtenção de
certidões.
Pois
bem, terão persistido, ou diminuído as reclamações referentemente aos serviços
policiais civis? Todos sabemos que efetivamente diminuíram.
Casos
isolados, decorrentes da idiossincrasia toda individual deste ou daquele, foram
detectados e coibidos prontamente.
É inegável, pode-se afirmar com tranqüilidade, a melhoria dos serviços da Polícia Civil como um todo, na atualidade, decorrentes da implantação de mecanismos articulados em observância aos preceitos da Constituição Federal, às diretrizes de governo do Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, à orientação sempre interessada do Excelentíssimo Senhor Secretário da Segurança Pública e à segura direção do Excelentíssimo Sr. Chefe de Polícia.
A
homenagem que recolho, pois, posso declará-lo de sã consciência, reflete o
merecimento de todos quantos tem coadjuvado a administração superior da Polícia
Civil, desde os Diretores de Departamento e Divisões, até os investigadores de
polícia, em nome de todos os quais, agradeço a Vossas Excelências.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Concedo a palavra a seguir ao Coronel PM
Jerônimo Carlos dos Santos Braga, Comandante-Geral da Brigada Militar.
O SR. JERÔNIMO CARLOS DOS SANTOS BRAGA: Exmo Ver. Lauro Hagemann,
primeiro Secretário no exercício da Presidência da Câmara Municipal de Porto
Alegre; Deputado Luis Abadie, 2º Vice-Presidente da Assembléia Legislativa do
Estado do Rio Grande do Sul; Coronel Assis Fontoura de Almeida, juiz militar
Presidente do Tribunal de Justiça Militar do Estado; Dr. Alaor de Almeida
Lewgoy, Subchefe de Polícia representando a Polícia Civil; Major PM Raul
Trevisan muito digno chefe da Defesa Civil do Município, neste ato
representando o Exmo Sr. Prefeito Municipal. Permitam-me os senhores
que use da palavra a partir da emoção e do coração, porque a mim me saem
melhores as palavras e o agradecimento que o ato exige em o assim fazendo. A
Brigada Militar nesta semana do policial recebe a visita do Sr.
Comandante-Geral da Polícia Militar do Amazonas. Permitam-me iniciar minhas
palavras de maneira alegre até; conversando com esta autoridade hoje ao
meio-dia na Academia de Polícia Militar ele me dizia uma frase muito
interessante, que é a seguinte: “polícia é como criança: se está perto,
incomoda; se está longe, faz falta.” E é mais ou menos neste paradoxo que vive
a instituição policial na sociedade. A nossa história bem mostra que no momento
do socorro todos bradam pela polícia, mas que no mais das vezes, pela nossa
formação, sangue latino, queremos para nós a liberdade que negamos aos outros.
Queremos que o policial multe o indivíduo que pára na frente da minha garagem,
mas que não me multe o carro que eu ponho em cima da calçada na frente da minha
casa. E por aí mais ou menos vivemos individualmente de maneira que quero o
policial para cuidar do vizinho que me atrapalha a vida, mas não o quero para
cercear esta ou aquela liberdade que acho que tenho o direito. O que vemos nos
dias de hoje na sociedade que, galgando o seu direito à liberdade, a
reivindicar e a pedir, nos movimentos de greve, por exemplo? O trabalho do
policial de convencer as pessoas que o direito de não fazer greve é tão sagrado
quanto o direito de fazer greve e que a função do policial ali na rua é de
garantir a ordem pública, garantindo por igual o direito de todos. Este - me
permitam dizer - paradoxo em que acabamos vivendo é o tempero que deve formar a
alma do policial no conhecimento das suas missões, das suas funções e, acima de
tudo, na capacidade de viver nesse mar agitado onde os ventos levantam as águas
e nem sempre se conhece de que lado vem a onda. A história da Brigada Militar
bem demonstra isso. Por exemplo, quando faleceu Aparício Borges, na Revolução
de 1932, o oficial que discursava, indignado, pelas situações mais ou menos
semelhantes, por ocasião do sepultamento em Porto Alegre, dizia que a Brigada
Militar, às vezes, é vítima das mazelas nacionais. Queria ele dizer que às
vezes nós acabamos vítimas de todo processo. E no fundo, no processo de
delinqüência, no processo de insegurança onde vivemos nos dias de hoje, a
polícia acaba também vítima desse processo. E ao longo dessa história, que não vale
a pena repetir, no sentido de não me tornar enfadonho, de 152 anos aqui, ali,
esse ou aquele acontecimento, tendo vitórias, tendo derrotas, tendo alegrias,
chegamos aos dias de hoje. E nos dias de hoje vamos encontrar, como ao longo
dos tempos, o brigadiano, na noite, no dia, no campo de futebol, na estrada, no
patrulhamento rodoviário, no patrulhamento a cavalo, no mais escondido
vilarejo, no mais longínquo Município, no corpo de bombeiros, combatendo
incêndios, salvando pessoas, vamos encontrá-lo espalhado em todo Rio Grande do
Sul e vamos encontrá-lo partícipe da sociedade e precisamos dizer- e dizemos
sempre que possível - que o povo, como um todo, as pessoas, devem atentar para
o fato que esse policial é um homem que casa, que tem filhos, que tem saudades,
que tem vontades, que tem necessidades, que sofre, que chora, que bate palmas,
que acerta e que erra e que no processo da exceção, do policial que erra, vamos
encontrar exatamente a exceção que confirma a regra. A instituição tem por
princípio, na manutenção da sua espinha dorsal, dignidade, honestidade e
competência.
Li
há poucos dias, mais precisamente domingo, uma reportagem sobre problemas da
atuação policial; a Corporação é uma Instituição de portas abertas, não temos
nada a esconder de ninguém - a notícia do caso da morte do menino Alex numa
ação policial, da morte da moça em Canoas, transformado como síndrome, dizia eu
ao repórter, é a exceção que confirma a regra. Mas nas reportagens seguintes,
ouvíamos pessoas dizendo que o que falta é instrução, que está tudo errado.
Pessoas que nunca entraram ou que nunca passaram na calçada de um quartel, como
sabem o que acontece lá dentro?
Disse
na Assembléia Legislativa aos Srs. Deputados que a Corporação está aberta;
podem entrar a qualquer momento, em qualquer escola, em qualquer quartel para
acompanhar a instrução, para ver o que dizemos para nossos homens.
Eu digo sempre uma expressão que repito onde vou por aí: o delinqüente que delinqüir deve ser tratado com o máximo de força, com o máximo de vontade de impedir esta ação e, a partir do momento em que ele está impedido da ação, a partir do momento em que ele está subjugado à vontade, ele passa a ser “S. Exª, o preso”. Assim deve ser a ação policial e assim que é feita a instrução. Agora, o que é importante que neste processo, que nós fazemos questão, do processo de atualidade, é que a sociedade toda entenda que somos formados por homens que erram e que acertam e que a Instituição está acima do processo do erro e que ela está aberta para mostrar à sociedade que ela procura acertar o erro. Hoje em dia, somados aos problemas da falta de pessoal, somados aos problemas da falta de equipamentos, vamos encontrar o quê? Vamos encontrar o fato de que a falta de equipamento não aconteceu de repente, é um processo de falta, os esforços feitos pelas autoridades, pela Segurança Publica, o Secretário de Segurança, a Secretaria da Fazenda, o Sr. Secretário da Fazenda e especialmente o Sr. Governador do Estado têm permitido retomarmos o processo de desenvolvimento da corporação adquirindo aos poucos e continuamente os equipamentos que estão nos faltando. Já, na próxima semana serão feitas solenidades de entrega de viaturas, especialmente viaturas de bombeiros, que estavam nos faltando.
Quero
também, nesta oportunidade, lembrar as palavras de Tiradentes, nosso patrono
que, para nosso orgulho, é também patrono da Nação brasileira, recolhida num
momento de contato com esse nosso mártir em que ele dizia: “Se dez vidas eu
tivesse, dez vidas eu daria para salvar meus companheiros.” Essa expressão bem
se liga ao processo de atividade do policial hoje em dia. O policial quando
morre em serviço, quando é ferido em serviço, ele não pergunta, ele doa-se.
Tive a oportunidade ontem, na homenagem em que a Brigada Militar prestou à Polícia Civil no túmulo de um de seus componentes que tombou, de dizer que o absoluto da morte daquele homem elevava significativamente a sua dignidade individual e, por conseqüência, a dignidade da sua instituição, a Polícia Civil, porque ele doou-se sem perguntar o quanto de temor e sem dizer o quanto de medo, como homem, como gente, como ser humano ele tinha na hora da ação de morrer ou não morrer, e ele morreu. Como tantos policiais, anonimamente. As palavras de Tiradentes bem se ligam a isso hoje em dia. Homens morrem porque honram um juramento e acima de tudo porque amam a instituição a que servem, amam o povo a que servem, amam a dignidade da sua família e a sua própria.
Por isso que, honestidade, dignidade e competência formam a espinha dorsal da Instituição Policial. Mas não podemos fugir do fato de que a sociedade precisa cada vez mais da Instituição policial. E devemos compreender que os processos de interação ou integração social, instituição policial e sociedade, são processos difíceis. Exatamente em razão daquele fato inicial que dizia que queremos para nós a liberdade que negamos aos outros.
Me
permitam lembrar aqui, tenho sempre que possível recordado o Cronista Francês
Labroiere, que, em 1850, nas suas crônicas dizia, falando do povo: quando o
povo está calmo não se vê a porta por onde possa ir embora a calmaria, mas
quando ele está inquieto e inseguro menos ainda enxerga-se a porta por onde
possa voltar a calma. É uma grande verdade. Vivemos este momento uma situação
onde nos parece que está fechada, escondida, e perdida a volta da calma e
segurança, mas esta porta existe, esta porta do Rio Grande do Sul chama-se
compreensão, colaboração e interação social entre as comunidades e as
organizações policiais do Rio Grande do Sul.
Quero,
também, nesta homenagem que a Câmara Municipal presta às instituições
policiais, deixar, de parte da Brigada Militar, à instituição Polícia Civil, o
nosso amplexo, o nosso amparo, tudo nos une, e é do respeito mútuo que nascerá
o nosso progresso.
Quero,
também, agradecer ao Presidente desta Casa, agradecer aos Srs. Vereadores,
agradecer a todos os senhores aqui presentes, policiais civis, brigadianos, a
bondade de me ouvirem, neste ato, neste momento, e repetir que, acima de tudo,
no coração brigadiano bate e vibra um compromisso que fizemos perante a
Bandeira Nacional, para a sociedade do Rio Grande do Sul, de cumprir a nossa
missão com o sacrifício da própria vida, se necessário for, procurando grangear
com isto, acima de tudo, o respeito, a consideração, e merecer dentro da
sociedade do Rio Grande do Sul, dentro das comunidades e dentro do Município de
Porto Alegre, o espaço que nos cabe, o espaço do respeito, da integração
social, e o espaço de podermos viver como brasileiros numa pátria progressista,
numa sociedade que cresce e que se respeita. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Quero agradecer a presença dos Ilustres
convidados que aqui compareceram, Deputado Luis Abadie; Coronel Assis Fontoura
de Almeida; Coronel PM Jerônimo Carlos Santos Braga; Doutor Alaor de Almeida
Lewgoy, Dr. Raul Trevisan, dos representantes das Polícias Civil e Militar que
nos honraram nesta tarde com suas presenças, nesta homenagem que a Casa do Povo
de Porto Alegre presta à Instituição Policial. Reitero, mais uma vez, que esta
solenidade foi o significado do respeito e da afeição que a Câmara Municipal de
Porto Alegre devota às instituições policiais do Estado, num momento em que a
sociedade reclama por segurança, em que muitas coisas são atribuídas aos
organismos que são encarregados desta segurança, devemos revelar a todos nós,
mutuamente, a nossa condição humana, porque o homem ainda é um animal não
totalmente domado. Esta condição é que produz, seguidamente, os fatos que, por
serem exacerbados, vêm ao noticiário com mais ênfase. Devemos acreditar nelas,
é a maneira de expressarmos à Polícia Civil e à Brigada Militar a nossa prova
de confiança de que elas saberão desempenhar sua missão.
Convido
aos presentes a ouvirem, de pé o Hino Rio-Grandense.
(É
executado a Hino Rio-Grandense.)
O SR. PRESIDENTE: Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Levanta-se
a Sessão às 18h53min.)
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